"E aconteceu, ao passar do tempo, que o rei do Egito morreu. E os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e eles clamaram, e seu grito subiu a Deus por causa da servidão. E Deus ouviu os seus gemidos, e Deus lembrou-se do seu pacto com Abraão, com Isaque e com Jacó. E Deus olhou para os filhos de Israel, e Deus atentou para eles." BKJ - Êxodo 2:23-25
“O povo do Egito, a fim de suprir-se de alimento durante a fome, vendera à coroa seu gado e terras, e finalmente prendera-se à servidão perpétua. José proveu sabiamente o seu livramento; permitiu-lhes que se tornassem arrendatários reais, conservando as terras do rei, e pagando um tributo anual de um quinto dos produtos de seu trabalho. PP 168.1
“Mas os filhos de Jacó não estavam na necessidade de adotar essas condições. Por causa do serviço que José prestara à nação egípcia, não somente lhes foi concedida uma parte do país como morada, mas estiveram isentos de imposto, e foram liberalmente supridos de alimento enquanto perdurou a fome. O rei publicamente reconhecia que fora pela misericordiosa interferência do Deus de José que o Egito desfrutava abundância, enquanto outras nações estavam a perecer de fome. Via, também, que a administração de José havia enriquecido grandemente o reino, e sua gratidão cercou a família de Jacó do favor real.” PP 168.2
Leia Êxodo 1:1-7. Que verdade crucial é apresentada nesse texto?
“Mas, passando-se o tempo, o grande homem a quem o Egito tanto devia, e a geração abençoada pelos seus labores, desceram ao túmulo. E “levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José”. Não que ignorasse os serviços de José à nação, mas não desejava reconhecê-los, e, quanto possível, queria sepultá-lo no olvido. ‘Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós. Eia, usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique, e aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós, e suba da terra’”. Êxodo 1:8-10. PP 168.3
Leia Êxodo 1:8-11. Qual era a condição dos israelitas na época do Êxodo?
“Os israelitas já se haviam tornado muito numerosos; “frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles”. Sob o cuidado amparador de José, e o favor do rei que então governava, tinham-se eles espalhado rapidamente pelo país. Mas haviam-se conservado como uma raça distinta, nada tendo em comum com os egípcios, nos costumes, ou na religião; e seu número crescente despertava agora os temores do rei e de seu povo, não acontecesse em caso de guerra se unissem eles com os inimigos do Egito. Contudo, a prudência vedava o seu banimento do país. Muitos deles eram hábeis e inteligentes operários, e contribuíam grandemente para a riqueza da nação; o rei necessitava de tais trabalhadores para a construção de seus magnificentes palácios e templos. Por isso, ele os equiparou aos egípcios que, com suas posses, se haviam vendido ao reino. Logo foram postos sobre eles maiorais de tarefas, e tornou-se completa a sua escravidão. ‘E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; assim lhes fizeram amargar a vida, com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o serviço, em que os serviam com dureza.” “Mas quanto mais o afligiam, tanto mais se multiplicava, e tanto mais crescia’”. Êxodo 1:7, 13, 12. PP 168.4
Qual foi a causa do sucesso surpreendente de José no Egito depois de um começo tão difícil? (Gn 37:26-28 e Gn 39:2, 21)
Novamente, anos antes de Israel entrar no Egito, Deus em Sua providência (Gn 45:5) inspirou Jacó a fazer uma túnica de muitas cores para seu filho mais novo, José. Essa aparente parcialidade, junto com o sonho de José e a interpretação de seu pai (Gn 37:10), fez com que seus irmãos invejosos o vendessem como escravo, para ser levado ao Egito, a fim de evitar que os superassem em influência ou posição. Mas lá no Egito o Senhor em Seu próprio tempo o elevou ao segundo trono do reino, depois trouxe os anos de fartura, também os anos de fome, como meio de levar toda a família de Jacó para o Egito.
Em seus esforços desesperados para se livrarem de José a fim de evitar serem governados por ele, seus irmãos conseguiram apenas (despertar o potencial sempre atento da Providência) em elevá-lo ao trono administrativo do Egito, e rebaixá-los em humilhação a seus pés. Eis aqui uma prova evidente de que aquele que tenta derrotar os propósitos de Deus só consegue derrotar os seus próprios e promover os de Deus.
Os problemas que José enfrentou em sua vida foram, na verdade, para seu bem e o prepararam para se tornar um intérprete de sonhos, um líder e, sem dúvida, o maior economista que o mundo já viu. Deus observou que José fazia tudo como se fosse seu e, além disso, ele estava constantemente ciente de que Deus era seu Mestre e que nada poderia ser oculto dEle. Foi essa convicção que fez José entender que, independentemente do que os homens fizessem a ele ou dissessem a seu respeito, somente Deus tinha o controle de sua vida. Assim, na prosperidade e na fama, José manteve sua lealdade e integridade; e na adversidade, não perdeu tempo atribuindo a outros a causa de seus problemas. Em vez disso, passou a se comportar de uma maneira que o recomendaria até mesmo à realeza, pois é improvável que os ismaelitas tivessem conseguido vendê-lo a Potifar se ele não fosse uma pessoa superior.
“E o Senhor estava com José, e era um homem próspero; e residia na casa de seu senhor, o egípcio. E seu senhor viu que o Senhor estava com ele, e que o Senhor o favorecia e fazia prosperar em tudo o que realizava. Assim, José conquistou sua simpatia e passou a servi-lo. O egípcio o colocou como administrador de sua casa, confiando-lhe tudo o que possuía... José era uma pessoa de boa aparência e muito estimado...” Gênesis 39:2-4, 6. Porém, mais uma vez, enfrentou injustiças que fugiam de seu controle, sendo lançado na prisão. Lá, sua personalidade íntegra e dedicação o destacaram novamente. Não só conquistou liberdade, como também foi promovido ao mais alto cargo da nação.
Leia Êxodo 1:9-21. Qual foi o papel fundamental das parteiras fiéis e por que elas são lembradas na história?
“O rei e seus conselheiros tiveram a esperança de subjugar os israelitas com rude trabalho, e assim diminuir seu número e aniquilar-lhes o espírito independente. Fracassando na realização de seu propósito, recorreram a medidas mais cruéis. Foram expedidas ordens às mulheres cujo emprego lhes dava oportunidade para executar o mandado, a fim de destruírem as crianças hebréias do sexo masculino ao nascerem. Satanás foi o instigador disto. Sabia que um libertador deveria levantar-se entre os israelitas; e, levando o rei a destruir seus filhos, esperava frustrar o propósito divino. As mulheres, porém, temiam a Deus, e não ousavam executar o cruel mandado. O Senhor aprovou o procedimento delas, e prosperou-as. O rei, irado pelo fracasso de seu desígnio, tornou a ordem mais insistente e ampla. A nação inteira foi chamada a dar caça e a matar as suas vítimas indefesas. ‘Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida’”. Êxodo 1:22. PP 169.1
“Mas as parteiras temiam a Deus e não fizeram conforme o rei do Egito lhes ordenara, mas salvaram os meninos, deixando-os viver.” Êxodo 1:17... “o nome de uma era Sifrá, e o nome da outra Puá.” Versículo 15. O significado desses nomes é: “Beleza” e “Esplendor”. De fato, é assim. Seria impossível que apenas duas parteiras atendessem a grande multidão de mulheres, mas o fato é que havia somente duas...
"Faraó ordenou a todo o seu povo, dizendo: Todo filho que é nascido deveis lançar ao rio, e toda filha preservareis com vida". Êxodo 1:20, 22. O principal objetivo do plano de Faraó não era reduzir o número de pessoas. Se esse fosse seu objetivo, deveria ter matado as mulheres, pois naquela época praticava-se a poligamia. Se ele tivesse ordenado lançar as crianças do sexo feminino ao rio e salvar os do sexo masculino, poderia ter alcançado seu objetivo e ainda aumentado o número de seus escravos, pois eram os homens que produziam os tijolos. Lemos em Patriarcas e Profetas, página 169: "Satanás foi o instigador disto. Sabia que um libertador deveria levantar-se entre os israelitas; e, levando o rei a destruir seus filhos, esperava frustrar o propósito divino."
Leia Êxodo 2:1-10. Qual o papel da providência e proteção de Deus na história do nascimento de Moisés?
“Enquanto este decreto estava em pleno vigor, um filho foi nascido a Anrão e Joquebede, israelitas devotos da tribo de Levi. A criança era “um menino formoso” (Êxodo 2:2); e os pais, crendo que o tempo do libertamento de Israel se estava aproximando, e que Deus levantaria um libertador para Seu povo, resolveram que seu filhinho não fosse sacrificado. A fé em Deus fortalecia o seu coração, “e não temeram o mandamento do rei”. Hebreus 11:23. PP 169.2
“A mãe conseguiu esconder a criança durante três meses. Então, achando que não mais a poderia conservar sem perigo, preparou uma pequena arca de junco, tornando-a impermeável por meio de betume e piche; e, pondo nela a criança, colocou-a entre os juncos, à margem do rio. Não ousou ficar para vigiá-la, com receio de que a vida da criança e a sua própria vida se perdessem; mas sua irmã Miriã, deteve-se perto, aparentemente indiferente, mas observando ansiosa para ver o que seria de seu irmãozinho. E havia outros vigias. As orações fervorosas da mãe haviam confiado seu filho ao cuidado de Deus; e anjos, invisíveis, pairavam por sobre o seu humilde lugar de descanso. Os anjos encaminharam a filha de Faraó para ali. Sua curiosidade foi provocada pela pequena cesta, e, ao olhar para a linda criança que dentro estava, leu a história num relance. As lágrimas do bebê despertara-lhe a compaixão, e suas simpatias se estenderam à mãe desconhecida que recorrera a tal meio para preservar a vida de seu precioso pequerrucho. Resolveu que ele deveria ser salvo; ela o adotaria como seu. PP 169.3
“Miriã estivera a notar secretamente tudo que se passava; percebendo que a criança era olhada com ternura, arriscou-se a aproximar-se, e disse finalmente: “Irei eu a chamar uma ama das hebréias, que crie este menino para ti?” Êxodo 2:7. E a permissão foi dada. PP 170.1
“A irmã correu para a mãe com a feliz nova, e sem demora voltou com ela à presença da filha de Faraó. “Leva este menino, e cria-mo; eu te darei teu salário”, disse a princesa. Êxodo 2:9. PP 170.2
“Deus tinha ouvido as orações da mãe; fora recompensada a sua fé. Com profunda gratidão foi que ela deu início à sua tarefa, agora sem perigos e feliz. Fielmente aproveitou a oportunidade para educar seu filho para Deus. Confiava em que ele fora preservado para alguma grande obra, e sabia que breve deveria ser entregue à sua régia mãe, para ser cercado de influências que tenderiam a desviá-lo de Deus. Tudo isto a tornava mais diligente e cuidadosa em sua instrução do que na dos demais filhos. Esforçou-se por embeber seu espírito com o temor de Deus e com o amor à verdade e justiça, e fervorosamente orava para que ele pudesse preservar-se de toda a influência corruptora. Mostrou-lhe a loucura e o pecado da idolatria, e cedo o ensinou a curvar-se e a orar ao Deus vivo, que unicamente poderia ouvi-lo e auxiliá-lo em toda a emergência.” PP 170.3
Leia Êxodo 2:11-25. Que fatos ocorridos rapidamente mudaram toda a direção da vida de Moisés? Que lições podemos aprender dessa história?
Criado nas cortes do Faraó, Moisés recebeu a mais alta educação que o mundo oferecia naquela época. Ao compreender que era ele quem deveria libertar seus irmãos da escravidão egípcia, sentiu-se plenamente capaz para a tarefa. Começou a agir para libertá-los, mesmo sem ter sido instruído a fazê-lo. Matou um egípcio, discutiu com um hebreu e fugiu para salvar a própria vida. Em Midiã, conseguiu um emprego, tornou-se pastor e casou-se com a filha de seu patrão. Durante quarenta anos como pastor, esqueceu o idioma egípcio e, com ele, o conhecimento adquirido no Egito. Em troca, aprendeu a cuidar bem das ovelhas. Assim, abandonou a ideia de libertar o povo de Deus da escravidão egípcia. Foi então que Deus o considerou forte e capaz, e ordenou-lhe que voltasse ao Egito para tirar de lá Seu povo que sofria.
“Matando o egípcio, Moisés caíra no mesmo erro tantas vezes cometido por seus pais, de tomar nas próprias mãos a obra que Deus prometera fazer. Não era vontade de Deus libertar o Seu povo pela guerra, como Moisés pensava, mas pelo Seu próprio grande poder, para que a glória Lhe fosse atribuída a Ele tão-somente. Todavia, mesmo este ato precipitado foi ainda encaminhado por Deus a fim de cumprir Seus propósitos. Moisés não estava preparado para a sua grande obra. Tinha ainda a aprender a mesma lição de fé que havia sido ensinada a Abraão e Jacó — não confiar na força e sabedoria humanas, mas no poder de Deus, para o cumprimento de Suas promessas. E havia outras lições que, em meio da solidão das montanhas, devia Moisés receber. Na escola da abnegação e dificuldades, ele devia aprender a paciência, a moderar as suas paixões. Antes que pudesse governar sabiamente, devia ser ensinado a obedecer. Seu coração devia estar completamente em harmonia com Deus, antes de poder ele ensinar o conhecimento de Sua vontade a Israel. Pela sua própria experiência devia estar preparado a exercer um cuidado paternal sobre todos os que necessitavam de seu auxílio. PP 173.2
“O homem teria dispensado aquele longo período de labuta e obscuridade, julgando-o uma grande perda de tempo. Mas a Sabedoria infinita chamou aquele que se tornaria o dirigente de Seu povo, a passar quarenta anos no humilde trabalho de pastor. Os hábitos de exercer o cuidado, do esquecimento de si mesmo, e de terna solicitude pelo seu rebanho, assim desenvolvidos, prepará-lo-iam a tornar-se o compassivo e longânimo pastor de Israel. Proveito algum que o ensino ou a cultura humana pudessem outorgar, poderia ser um substituto para esta experiência.” PP 173.3
“Na corte de Faraó, Moisés recebeu o mais elevado ensino civil e militar. O rei resolvera fazer de seu neto adotivo o seu sucessor no trono, e o jovem foi educado para a sua elevada posição. “E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras”. Atos dos Apóstolos 7:22. Sua habilidade como chefe militar tornou-o favorito dos exércitos do Egito, e era geralmente considerado personagem notável. Satanás fora derrotado em seu propósito. O mesmo decreto que condenava as crianças hebréias à morte, tinha sido encaminhado por Deus de modo a favorecer o ensino e educação do futuro chefe de Seu povo. PP 171.2
Os anciãos de Israel foram instruídos pelos anjos de que o tempo para o seu libertamento estava próximo, e que Moisés era o homem que Deus empregaria para realizar esta obra. Os anjos também instruíam a Moisés quanto a havê-lo Jeová escolhido para quebrar o cativeiro de Seu povo. Supondo que deveriam obter sua liberdade, pela força das armas, tinha ele a expectativa de levar o exército hebreu contra as hostes do Egito e, tendo isto em vista, prevenia-se contra suas afeições, receando que, pelo seu apego à mãe adotiva ou a Faraó, não estivesse livre para fazer a vontade de Deus. PP 171.3
“‘Pela fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado; tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa’. Hebreus 11:24-26. Moisés estava em condições para ter preeminência entre os grandes da Terra, para brilhar nas cortes do mais glorioso dentre os reinos e para empunhar o cetro do poder. Sua grandeza intelectual o distingue, acima dos grandes homens de todos os tempos. Como historiador, poeta, filósofo, general de exércitos e legislador, não tem par. Todavia, com o mundo diante de si, teve a força moral para recusar as lisonjeiras perspectivas da riqueza, grandeza e fama, ‘escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado’”. PP 171.5