
“E o SENHOR passou diante dele e proclamou: O SENHOR, O SENHOR Deus, misericordioso e gracioso, longânimo e grande em bondade e verdade, que guarda a misericórdia em milhares, perdoando a iniquidade e a transgressão e o pecado, e que de forma alguma inocenta o culpado, e que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos, e sobre os filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração.” BKJ - Êxodo 34:6, 7
“Na solidão, Moisés reviu sua vida de lutas e dificuldades, desde que se retirou das honras da corte e de um reino que poderia ter em perspectiva no Egito, a fim de lançar sua sorte com o povo escolhido de Deus. Evocou à mente aqueles longos anos no deserto, com os rebanhos de Jetro, o aparecimento do Anjo na sarça ardente, e sua própria vocação para libertar Israel. Viu de novo os grandes prodígios do poder de Deus manifestos em prol do povo escolhido, e Sua longânima misericórdia durante os anos de sua peregrinação e rebelião. Apesar de tudo que Deus havia operado por eles, apesar das suas próprias orações e labores, apenas dois de todos os adultos do vasto exército que deixou o Egito, foram achados dignos de entrar na Terra Prometida. Revendo Moisés os resultados de seus trabalhos, sua vida de provações e sacrifícios parecia ter sido quase em vão. EP 335.2. PP 345.1
“Sabia que sua missão e trabalho foram designados pelo próprio Deus mesmo. Quando chamado a princípio para tirar Israel do cativeiro, arreceou-se desta responsabilidade; mas, visto que assumira o trabalho, não rejeitara o encargo. Mesmo quando o Senhor propusera desobrigá-lo, e destruir o rebelde Israel, não pôde Moisés consentir nisso. Se bem que tivessem sido grandes as suas provações, havia ele fruído sinais especiais do favor de Deus; obtivera uma rica experiência durante a permanência no deserto, testemunhando as manifestações do poder e glória de Deus, e tendo a comunhão de Seu amor; entendia haver feito uma sábia decisão preferindo sofrer aflição com o povo de Deus, a desfrutar por algum tempo o prazer do pecado. EP 335.3. PP 345.2
Leia Êxodo 33:7-11. Por que Deus pediu que Moisés armasse a tenda do encontro?
“De pé à porta do acampamento, Moisés chamou ao povo: “Quem é do Senhor, venha a mim”. Êxodo 32:26. Aqueles que se não haviam unido à apostasia, deviam tomar posição à destra de Moisés; os que eram culpados, mas que se arrependeram, ficariam à esquerda. A ordem foi obedecida. Verificou-se que a tribo de Levi não tomara parte no culto idólatra. Dentre outras tribos grande número havia dos que, embora houvessem pecado, exprimiam agora o seu arrependimento. Mas uma grande multidão, maior parte daquela mistura de gente que instigara a execução do bezerro, obstinadamente persistiu em sua rebelião. Em nome do “Senhor Deus de Israel”, Moisés agora ordenou àqueles à sua direita, que se haviam conservado inculpados de idolatria, que cingissem suas espadas e matassem a todos os que persistiam na rebelião. “E caíram do povo aquele dia uns três mil homens”. Êxodo 32:28. Sem consideração para com posição, parentesco ou amizade, os cabeças daquele ímpio motim foram eliminados; mas todos os que se arrependeram e se humilharam foram poupados.” PP 229.1
“Com profunda tristeza o povo sepultou os seus mortos. Três mil haviam sucumbido pela espada; logo uma praga irrompeu no acampamento; e então lhes veio a mensagem de que a presença divina não mais os acompanharia em suas jornadas. Declara Jeová: “Eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo obstinado, para que te não consuma Eu no caminho.” E foi dada a ordem: “Tira de ti os teus atavios, para que Eu saiba o que te hei de fazer.” Houve então lamentação por todo o acampamento. Com penitência e humilhação, “os filhos de Israel se despojaram de seus atavios, ao pé do monte de Horebe”. Êxodo 33:3, 6. PP 231.2
“Por instrução divina, a tenda que servira como lugar temporário de culto, foi removida “longe do arraial”. Isto consistia ainda mais prova de que Deus retirara deles a Sua presença. Ele Se revelaria a Moisés, mas não a um povo tal. Esta repreensão foi sentida fundamente; e, para as multidões, feridas na consciência, parecia um prenúncio de grande calamidade. Não tinha o Senhor separado a Moisés do acampamento para que pudesse destruí-los completamente? Não foram, porém, deixados sem esperança. A tenda foi armada fora do arraial, mas Moisés chamou-a “a tenda da congregação”. Êxodo 33:7. Todos os que estavam verdadeiramente arrependidos, e desejavam voltar ao Senhor, eram instruídos a dirigirem-se para ali a fim de confessarem seus pecados e buscarem Sua misericórdia. Quando regressavam a suas tendas, Moisés entrava na tenda da congregação. Com aflitivo interesse o povo aguardava algum sinal de que suas intercessões em prol deles foram aceitas. Se Deus condescendesse em encontrar-Se com eles, podiam esperar que não seriam inteiramente consumidos. Quando a coluna de nuvem desceu, e ficou à entrada, o povo chorou de alegria, e “se levantou, e inclinaram-se cada um à porta da sua tenda”. Êxodo 33:8. PP 231.3
Leia Êxodo 33:12-17. O que Moisés pediu que o Senhor lhe fizesse saber? Por que ele implorou a presença de Deus para guiá-los?
“Moisés bem conhecia a perversidade e cegueira daqueles que foram postos sob os seus cuidados; sabia das dificuldades com que devia lutar. Mas tinha aprendido que, a fim de prevalecer com o povo, deveria ter auxílio da parte de Deus. Pleiteou uma revelação mais clara da vontade de Deus, e uma segurança de Sua presença: “Eis que Tu me dizes: Faze subir a este povo; porém, não me fazes saber a quem hás de enviar comigo; e Tu disseste: Conheço-te por teu nome, também achaste graça aos Meus olhos. Agora pois, se tenho achado graça a Teus olhos, rogo-Te que agora me faças saber o Teu caminho, e conhecer-Te-ei, para que ache graça aos Teus olhos; e atenta que esta nação é o Teu povo.” PP 232.1
“A resposta foi: “Irá para a Minha presença contigo para te fazer descansar.” Moisés, porém, ainda não estava satisfeito. Oprimia-lhe a alma a intuição dos terríveis resultados no caso em que Deus deixasse Israel entregue à dureza e impenitência. Ele não podia admitir que seus interesses estivessem separados dos de seus irmãos, e orava para que se restabelecesse o favor de Deus a Seu povo, e para que o sinal de Sua presença continuasse a guiar as suas jornadas: ‘Se a Tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui. Como pois se saberá agora que tenho achado graça aos Teus olhos, eu e o Teu povo? acaso não é por andares Tu conosco e separados seremos, eu e o Teu povo, de todo o povo que há sobre a face da Terra?’” PP 232.2
Como Deus respondeu ao pedido para que mostrasse Sua glória? Êx 33:18-23
“E o Senhor disse: “Farei também isto, que tens dito; porquanto achaste graça aos Meus olhos, e te conheço por nome.” Não deixou ainda o profeta de pleitear. Cada uma das orações havia sido atendida, mas ele estava sedento por maiores indícios do favor de Deus. Fez então um pedido que ser humano algum jamais fizera antes: “Rogo-Te que me mostres a Tua glória.” PP 232.3
“Deus não censurou o seu pedido como sendo presunçoso; mas foram proferidas as palavras cheias de graça: “Eu farei passar toda a Minha bondade por diante de ti”. Êxodo 33:12-19. A glória de Deus, desvendada, homem algum neste estado mortal poderá ver, e viver; mas a Moisés assegurou-se que ele veria, tanto quanto poderia suportar, da glória divina. De novo foi chamado ao cimo da montanha; então a mão que fizera o mundo, aquela mão que “transporta as montanhas, sem que o sintam” (Jó 9:5), tomou esta criatura de pó, este poderoso homem de fé, e o colocou na fenda da rocha, enquanto a glória de Deus e toda a Sua bondade passaram diante dele. PP 232.4
“Esta experiência — e acima de tudo mais, a promessa de que a presença divina o acompanharia — foi para Moisés uma certeza de êxito na obra que tinha diante de si; e ele considerava isto de valor infinitamente maior do que todo o saber do Egito ou todas as suas realizações como estadista ou chefe militar. Nenhum poder, habilidade ou sabedoria terrestre pode suprir o lugar da presença duradoura de Deus. PP 232.5
“Para o transgressor é coisa terrível cair às mãos do Deus vivo; mas Moisés esteve sozinho na presença do Eterno, e não ficou amedrontado; pois tinha a alma em harmonia com a vontade de seu Criador. Diz o salmista: “Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá”. Salmos 66:18. Mas “o segredo do Senhor é para os que O temem; e Ele lhes fará saber o Seu concerto”. Salmos 25:14. PP 232.6
Leia Êxodo 34:1-28. Como Deus revelou Sua glória a Moisés?
“A Divindade proclamou a respeito de Si: “Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente”. 233.1
“‘Moisés “apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, encurvou-se”. Novamente rogou que Deus perdoasse a iniqüidade de Seu povo e os tomasse como Sua herança. Sua oração foi atendida. O Senhor graciosamente prometeu renovar Seu favor para com Israel, e em prol deles operar maravilhas quais não tinham sido feitas “em toda a Terra, nem entre gente alguma’. Êxodo 34:6, 8, 10. PP 233.1
“Quarenta dias e noites Moisés permaneceu no monte; e, durante este tempo, como a princípio, foi miraculosamente alimentado. A homem algum foi permitido subir com ele; nem durante o tempo de sua ausência ninguém deveria aproximar-se do monte. Por ordem de Deus, preparara duas tábuas de pedra, e levara-as consigo ao cume; e outra vez o Senhor “escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os Dez Mandamentos”. PP 233.1
Leia Êxodo 34:29-35. Por que o rosto de Moisés resplandeceu?
“Durante aquele prolongado tempo despendido em comunhão com Deus, a face de Moisés refletira a glória da presença divina; sem o saber, seu rosto resplandecia com uma luz deslumbrante quando ele desceu do monte. Tal luz iluminou o rosto de Estêvão quando fora levado perante seus juízes; “então todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo”. Atos dos Apóstolos 6:15. Arão, assim como o povo, recuava de Moisés, e “temeram de chegar-se a ele”. Êxodo 34:30. Vendo sua confusão e terror, mas sem saber a causa, insistiu com eles para que se aproximassem. Apresentou-lhes a garantia da reconciliação com Deus, e lhes assegurou o restabelecimento de Seu favor. Nada perceberam em sua voz a não ser amor e solicitude, e finalmente aventurou-se um a aproximar-se dele. Muito atônito para que pudesse falar, silenciosamente apontou para o rosto de Moisés e então para o céu. O grande chefe compreendeu o que queria dizer. Em sua consciente culpabilidade, sentindo-se ainda sob o desagrado divino, não podiam suportar a luz celestial, a qual, se houvessem eles sido obedientes a Deus, tê-los-ia enchido de alegria. O medo acompanha a culpa. A alma que está livre de pecado não deseja esconder-se da luz do Céu. PP 233.2
“Moisés tinha muito a comunicar-lhes; e, compadecendo-se de seus temores, pôs um véu sobre o rosto, e continuou a fazer assim dali em diante sempre que voltava ao acampamento depois de ter comunhão com Deus. PP 233.3
“Por essa luz era o intuito de Deus impressionar Israel com o caráter sagrado e exaltado de Sua lei, e a glória do evangelho revelado por meio de Cristo. [...] Enquanto Moisés estava no monte, Deus apresentou-lhe não somente as tábuas da lei, mas também o plano da salvação. Ele viu que o sacrifício de Cristo era prefigurado por todos os tipos e símbolos da era judaica; e era a luz celestial que fluía do Calvário, não menos que a glória da lei de Deus, que derramava tal brilho no rosto de Moisés. Aquela iluminação divina simbolizava a glória da dispensação de que Moisés era o mediador visível, representante do único verdadeiro Intercessor.” PP 233.4
Leia 2 Coríntios 3:18. Como Jesus pode transformar gradualmente você à Sua imagem?
“Os discípulos não apenas viram o Senhor ascender, mas também tiveram o testemunho dos anjos de que Ele havia ido ocupar o trono de Seu Pai no Céu. A última lembrança que os discípulos deveriam ter de seu Senhor era como o Amigo compassivo, o Redentor glorificado. Moisés cobriu o rosto para ocultar a glória da lei que nele se refletia, e a glória da ascensão de Cristo foi ocultada da vista humana. O esplendor da escolta celestial e a abertura dos gloriosos portais de Deus para recebê-Lo não deveriam ser discernidos por olhos mortais.” — 3SP 254.2 – Tradução Livre
“Se o caminho de Cristo até o Céu tivesse sido revelado aos discípulos em toda a sua glória inexprimível, eles não teriam suportado a visão. Se tivessem contemplado as miríades de anjos e ouvido os brados de triunfo vindos das muralhas celestiais, quando as portas eternas se levantaram, o contraste entre aquela glória e suas próprias vidas em um mundo de provações teria sido tão grande que dificilmente teriam conseguido retomar o fardo de suas vidas terrenas, preparados para cumprir com coragem e fidelidade a comissão que lhes fora dada pelo Salvador. Mesmo o Consolador, o Espírito Santo que lhes foi enviado, não teria sido devidamente apreciado, nem teria fortalecido seus corações suficientemente para suportar o desprezo, a afronta, o cárcere e, se necessário, a morte.” — 3SP 255.1 – Tradução Livre
“A glória refletida no semblante de Moisés ilustra as bênçãos a serem recebidas, pela mediação de Cristo, pelo povo que guarda os mandamentos de Deus. Testifica de que, quanto mais íntima for nossa união com Deus, e mais claro o nosso conhecimento de Suas ordens, tanto mais plenamente nos adaptaremos à divina imagem, e mais facilmente nos tornaremos participantes da natureza divina. PP 234.1
“Moisés era um tipo de Cristo. Como intercessor de Israel, velou o rosto, porque o povo não podia resistir ao ver a glória do mesmo; assim Cristo, o Mediador divino, velou Sua divindade na humanidade quando veio à Terra. Se tivesse vindo revestido do resplendor do Céu, não poderia ter obtido acesso aos homens em seu estado pecaminoso. Estes não poderiam suportar a glória de Sua presença. Portanto Ele humilhou-Se, e foi feito “em semelhança da carne do pecado” (Romanos 8:3), para que pudesse chegar até a raça decaída e levantá-la.” PP 234.2