Julgado e Crucificado

Lição 12, 3º Trimestre, 14 a 20 de Setembro de 2024.

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Sábado à Tarde, 14 de Setembro

Texto para Memorizar:

“E, à hora nona, Jesus gritou em alta voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que, traduzido, é: Meu Deus, meu Deus, por que tu me abandonaste?” BKJ - Marcos 15:34


“O Salvador não murmurou uma queixa. O rosto permaneceu-Lhe calmo e sereno, mas grandes gotas de suor borbulhavam-Lhe na fronte… Enquanto os soldados executavam a terrível obra, Jesus orava pelos inimigos: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”… Lucas 23:34. CSA 37.4

“Aquela oração de Cristo por Seus inimigos abrangia o mundo inteiro. Envolvia todo pecador que já vivera ou viria ainda a viver, desde o começo do mundo, até ao fim dos séculos. Pesa sobre todos a culpa de crucificar o Filho de Deus. A todos é gratuitamente oferecido o perdão. “Quem quiser” pode ter paz com Deus, e herdar a vida eterna. CSA 37.5

“Assim que Jesus foi pregado à cruz, ergueram-na homens vigorosos, sendo com grande violência atirada dentro do lugar para ela preparado. Isso produziu a mais intensa agonia ao Filho de Deus. Pilatos escreveu então uma inscrição em hebraico, grego e latim, colocando-a no madeiro, por sobre a cabeça de Jesus. Rezava: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.”… CSA 37.6

“Na providência divina, devia ela despertar reflexão e o exame das Escrituras. O lugar em que Cristo estava crucificado achava-se próximo da cidade. Milhares de pessoas de todas as terras se encontravam em Jerusalém naquele tempo, e a inscrição que declarava Jesus de Nazaré o Messias lhes chamaria a atenção. Era uma verdade palpitante, transcrita por mão guiada por Deus…” CSA 37.7

Domingo, 15 de Setembro

Domingo, 15 de Setembro


Quais tipos de situações irônicas ocorrem nessa passagem? Leia Marcos 15:1-15

“Pilatos não era juiz justo ou consciencioso; mas fraco como era em poder moral, recusou conceder essa petição. Não condenaria Jesus enquanto não fosse apresentada acusação contra Ele. DTN 511.6

“Os sacerdotes encontravam-se num dilema. Viam que deviam encobrir sua hipocrisia sob o mais espesso véu. Não deviam permitir a impressão de que Cristo fora preso por motivos religiosos. Fosse isso apresentado como razão, e seu procedimento não teria nenhum valor para com Pilatos. Precisavam fazer parecer que Jesus estava trabalhando contra a lei comum; então poderia ser castigado como ofensor político…” DTN 511.7

“Havia poucos dias apenas os fariseus tinham procurado enredar Cristo com a pergunta: “É-nos lícito dar tributo a César ou não?” Mateus 22:17. Mas Cristo lhes revelara a hipocrisia. Os romanos que se achavam presentes assistiram ao fracasso completo dos intrigantes, e seu desconcerto ante a resposta: “Dai pois a César o que é de César”. Lucas 20:22-25. DTN 512. DTN 512.1

“Agora os sacerdotes pensaram fazer parecer que, nessa ocasião, Cristo ensinara segundo esperavam que Ele ensinasse. Em seu apuro, chamaram falsas testemunhas para os ajudar, “e começaram a acusá-Lo, dizendo: Havemos achado Este, pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo que Ele mesmo é Cristo, o rei”. Três acusações, cada uma destituída de fundamento. Os sacerdotes sabiam isso, mas estavam dispostos a jurar falso, contanto que conseguissem seu objetivo. DTN 512.2

“Pilatos penetrou-lhes o desígnio. Não acreditou que o Preso houvesse conspirado contra o governo. Seu aspecto manso e humilde estava totalmente em desacordo com essa acusação. Pilatos convenceu-se de que se urdira artificioso trama contra um Inocente que embaraçava o caminho dos dignitários judeus. Volvendo-se para Jesus perguntou: “Tu és o rei dos judeus?” O Salvador respondeu: “Tu o dizes”. Marcos 15:2. E ao falar Ele, Sua fisionomia iluminou-se como se um raio de Sol sobre ela incidisse. DTN 512.3

“Ao ouvirem-Lhe a resposta, Caifás e os que com ele estavam chamaram Pilatos como testemunha de que Jesus concordara com o crime de que O acusavam. Com ruidosos brados, sacerdotes, escribas e príncipes exigiram que fosse sentenciado à morte. Os gritos foram repetidos pela turba, fazendo-se um barulho ensurdecedor. Pilatos ficou confundido. Vendo que Jesus não dava nenhuma resposta a Seus acusadores, disse-Lhe Pilatos: ‘Nada respondes? Vê quantas coisas testificam contra Ti. Mas Jesus nada mais respondeu’”. Marcos 15:4, 5. DTN 512.4

Segunda, 16 de Setembro

Salve, Rei dos Judeus!


O que os soldados fizeram a Jesus? Isso é relevante? Leia Marcos 15:15-20

“Desfalecido de fadiga e coberto de ferimentos, Jesus foi levado, sendo açoitado à vista da multidão. “E os soldados O levaram dentro à sala que é a de audiência, e convocaram toda a coorte; e vestiram-nO de púrpura e tomando uma coroa de espinhos, Lha puseram na cabeça. E começaram a saudá-Lo, dizendo: Salve, Rei dos Judeus. E [...] cuspiram nEle, e, postos de joelhos, O adoraram”. Mateus 27:27-31. Por vezes, mão perversa arrebatava a cana que Lhe fora posta na mão, e batia na coroa que Ele tinha na fronte, fazendo enterrarem-se-Lhe os espinhos nas fontes, e o sangue gotejar-Lhe pelo rosto e a barba. DTN 518.5

“Maravilha-te, ó Céu! e pasma tu, ó Terra! Contemplai o opressor e o Oprimido. Uma turba enfurecida rodeia o Salvador do mundo. Escárnios e zombarias misturam-se com as baixas imprecações de blasfêmia. Seu humilde nascimento e modesta vida são comentados pela turba insensível. Sua declaração de ser o Filho de Deus é ridicularizada, e o gracejo vulgar e a insultuosa zombaria passam de boca em boca.” DTN 519.1

“Grande foi a ira de Satanás, ao ver que todos os maus-tratos infligidos ao Salvador não Lhe forçaram os lábios a soltar uma só queixa. Embora houvesse tomado sobre Si a natureza humana, era sustido por uma força divina, e não Se apartou num só ponto da vontade do Pai.” DTN 519.4

“Pilatos mandou então buscar Barrabás para o pátio. Apresentou depois os dois presos um ao lado do outro, e, apontando ao Salvador, disse em tom solene: ‘Eis Aqui o Homem’. João 19:5. ‘Eis aqui vo-Lo trago fora, para que saibais que não acho nEle crime algum’”. João 19:4. DTN 519.6

“Pilatos estava cheio de espanto diante da paciência do Salvador, que não articulava uma queixa. Não duvidava de que a vista desse Homem, em contraste com Barrabás, movesse a simpatia dos judeus. Não compreendia, porém, o fanático ódio dos sacerdotes contra Aquele que, como a luz do mundo, lhes tornara manifestos as trevas e o erro. Incitaram a turba a uma fúria louca, e de novo os sacerdotes, príncipes e povo ergueram aquele tremendo brado: “Crucifica-O, crucifica-O!” Perdendo por fim toda a paciência ante sua irracional crueldade, Pilatos gritou em desespero: “Tomai-O vós e crucificai-O; porque eu nenhum crime acho nEle”. João 19:6. DTN 520.3

“O governador romano, embora familiarizado com cenas cruéis, moveu-se de simpatia para com o paciente Preso que, condenado e açoitado, com a fronte a sangrar e laceradas as costas, mantinha ainda o porte de um rei sobre o trono. Mas os sacerdotes declaram: “Nós temos uma lei, e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque Se fez Filho de Deus”. João 19:7. DTN 520.4

“Pilatos sobressaltou-se. Não possuía nenhuma idéia exata de Cristo e Sua missão; mas tinha uma vaga fé em Deus e em seres superiores à humanidade. Um pensamento que lhe passara anteriormente pelo cérebro, tomou agora feição definida. Cogitava se não seria um Ser divino o que estava perante ele, revestido da púrpura da zombaria, e coroado de espinhos.” DTN 520.5

Terça, 17 de Setembro

Crucificação


Que ironia terrível e dolorosa ocorre nessa passagem? Leia Marcos 15:21-38

“Ao passar Jesus a porta do pátio de Pilatos, a cruz preparada para Barrabás foi-lhe deposta nos feridos, sangrentos ombros… A carga do Salvador era demasiado pesada para o estado de fraqueza e sofrimento em que Se achava… Caiu desmaiado sob o fardo. DTN 524.3

“A multidão que seguia o Salvador viu Seus fracos, vacilantes passos, mas não manifestou compaixão. Insultaram-nO e injuriaram-nO por não poder conduzir a pesada cruz… Não sabiam onde encontrar alguém que quisesse transportar a humilhante carga… Ninguém, mesmo dentre a turba que O acompanhava, quereria rebaixar-se e carregar a cruz. DTN 524.4

“Por essa ocasião um estranho, Simão, cireneu, chegando do campo, encontra-se com o cortejo. Ouve as zombarias e a linguagem baixa da turba; ouve as palavras desdenhosamente repetidas: Abri caminho para o Rei dos judeus! Detém-se espantado com a cena; e, ao exprimir ele compaixão, agarram-no e lhe põem nos ombros a cruz. DTN 525.1

“Simão ouvira falar de Jesus. Seus filhos criam no Salvador, mas ele próprio não era discípulo. O conduzir a cruz ao Calvário foi-lhe uma bênção e, posteriormente, mostrou-se sempre grato por essa providência. Isso o levou a tomar sobre si a cruz de Cristo por sua própria escolha, suportando-lhe sempre animosamente o peso.” DTN 525.2

Chegando ao lugar da execução, os presos foram ligados ao instrumento da tortura. Os dois ladrões lutaram às mãos dos que os puseram na cruz; Jesus, porém, nenhuma resistência opôs…” DTN 526.2

“Assim que Jesus foi pregado à cruz, ergueram-na homens vigorosos, sendo com grande violência atirada dentro do lugar para ela preparado. Isso produziu a mais intensa agonia ao Filho de Deus…” DTN 527.3

“O Sol recusou contemplar a espantosa cena. Seus raios plenos, brilhantes, iluminavam a Terra ao meio-dia, quando, de súbito, pareceu apagar-se. Completa escuridão, qual um sudário, envolveu a cruz. “Houve trevas em toda a Terra até à hora nona”. Marcos 15:33. Não houve eclipse ou outra qualquer causa natural para essa escuridão, tão espessa como a da meia-noite sem luar nem estrelas. Foi miraculoso testemunho dado por Deus, para que se pudesse confirmar a fé das vindouras gerações.” DTN 533.1

“Quando as trevas se ergueram do opresso espírito de Cristo, reavivou-se-Lhe o sentido do sofrimento físico, e disse: “Tenho sede”. João 19:28. Um dos soldados romanos, tocado de piedade, ao contemplar os lábios ressequidos, tomou uma esponja, numa haste de hissopo, e, imergindo-a numa vasilha de vinagre, ofereceu-a a Jesus. Mas os sacerdotes zombavam-Lhe da agonia…” DTN 534.2

“Silenciosos, aguardavam os espectadores o fim da terrível cena. O Sol saíra, mas a cruz continuava circundada de trevas. Sacerdotes e príncipes olhavam em direção de Jerusalém; e eis que a espessa nuvem pousara sobre a cidade e as planícies da Judéia. O Sol da Justiça, a Luz do mundo, retirava Seus raios da outrora favorecida cidade de Jerusalém. Os terríveis relâmpagos da ira divina dirigiam-se contra a malfadada cidade. DTN 534.4

“De repente, ergueu-se de sobre a cruz a sombra, e em tons claros, como de trombeta, tons que pareciam ressoar por toda a criação, bradou Jesus: “Está consumado”. João 19:30. “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito”. Lucas 23:46. Uma luz envolveu a cruz, e o rosto do Salvador brilhou com uma glória semelhante à do Sol. Pendendo então a cabeça sobre o peito, expirou.” DTN 535.1

Quarta, 18 de Setembro

Abandonado por Deus


Quais são as únicas palavras de Jesus na cruz que foram registradas em Marcos? O que a morte de Cristo significa para todos nós? Mc 15:33-41

“Enquanto as trevas cobriam a Terra, encheram-se de temor; dissipado este, porém voltou-lhes o medo de que Jesus lhes escapasse ainda. Interpretaram mal Suas palavras: “Eli, Eli, lamá sabactâni”. Mateus 27:46. Com amargo desprezo e escárnio, disseram: “Este chama por Elias.” Recusaram a última oportunidade de aliviar-Lhe os sofrimentos. “Deixa”, disseram, “vejamos se Elias vem livrá-Lo”. Mateus 27:47, 49. DTN 534.2

“O imaculado Filho de Deus pendia da cruz, a carne lacerada pelos açoites; aquelas mãos tantas vezes estendidas para abençoar, pregadas ao lenho; aqueles pés tão incansáveis em serviço de amor, cravados no madeiro; a régia cabeça ferida pela coroa de espinhos; aqueles trêmulos lábios entreabertos para deixar escapar um grito de dor. E tudo quanto sofreu — as gotas de sangue a Lhe correr da fronte, das mãos e dos pés, a agonia que Lhe atormentou o corpo, e a indizível angústia que Lhe encheu a alma ao ocultar-se dEle a face do Pai — tudo fala a cada filho da família humana, declarando: É por ti que o Filho de Deus consente em carregar esse fardo de culpa; por ti Ele destrói o domínio da morte, e abre as portas do Paraíso. Aquele que impôs calma às ondas revoltas, e caminhou por sobre as espumejantes vagas, que fez tremerem os demônios e fugir a doença, que abriu os olhos cegos e chamou os mortos à vida — ofereceu-Se na cruz em sacrifício, e tudo isso por amor de ti. Ele, o que leva sobre Si os pecados, sofre a ira da justiça divina, e torna-Se mesmo pecado por amor de ti. DTN 534.3

“Em meio da horrível escuridão, aparentemente abandonado por Deus, sofrera Cristo as piores conseqüências da miséria humana. Durante aquelas horas pavorosas, apoiara-Se às provas que anteriormente Lhe haviam sido dadas quanto à aceitação de Seu Pai. Estava familiarizado com o caráter de Deus; compreendia-Lhe a justiça, a misericórdia e o grande amor. Descansava, pela fé nAquele a quem Se deleitara sempre em obedecer. E à medida que em submissão Se confiava a Deus, o sentimento da perda do favor do Pai se desvanecia. Pela fé, saiu Cristo vitorioso. DTN 535.2

“Jamais testemunhara a Terra uma cena assim. A multidão permanecia paralisada e, respiração suspensa, fitava o Salvador. Baixaram novamente as trevas sobre a Terra, e um surdo ruído, como de forte trovão, se fez ouvir. Seguiu-se violento terremoto. As pessoas foram atiradas umas sobre as outras, amontoadamente. Estabeleceu-se a mais completa desordem e consternação. Partiram-se ao meio os rochedos nas montanhas vizinhas, rolando fragorosamente para as planícies. Fenderam-se sepulcros, sendo os mortos atirados para fora das covas. Dir-se-ia estar a criação desfazendo-se em átomos. Sacerdotes, príncipes, soldados, executores e povo, mudos de terror, jaziam prostrados por terra. DTN 535.3

“Ao irromper dos lábios de Cristo o grande brado: “Está consumado” (João 19:30), oficiavam os sacerdotes no templo. Era a hora do sacrifício da tarde. O cordeiro, que representava Cristo, fora levado para ser morto. Trajando o significativo e belo vestuário, estava o sacerdote com o cutelo erguido, qual Abraão quando prestes a matar o filho. Vivamente interessado, o povo acompanhava a cena. Mas eis que a Terra treme e vacila; pois o próprio Senhor Se aproxima. Com ruído rompe-se de alto a baixo o véu interior do templo, rasgado por mão invisível, expondo aos olhares da multidão um lugar antes pleno da presença divina. Ali habitara o shekinah. Ali manifestara Deus Sua glória sobre o propiciatório. Ninguém, senão o sumo sacerdote, jamais erguera o véu que separava esse compartimento do resto do templo. Nele penetrava uma vez por ano, para fazer expiação pelos pecados do povo. Mas eis que esse véu é rasgado em dois. O santíssimo do santuário terrestre não mais é um lugar sagrado. DTN 535.4

“Tudo é terror e confusão. O sacerdote está para matar a vítima; mas o cutelo cai-lhe da mão paralisada, e o cordeiro escapa. O tipo encontrara o antítipo por ocasião da morte do Filho de Deus. Foi feito o grande sacrifício. Acha-se aberto o caminho para o santíssimo. Um novo, vivo caminho está para todos preparado. Não mais necessita a pecadora, aflita humanidade esperar a chegada do sumo sacerdote. Daí em diante, devia o Salvador oficiar como Sacerdote e Advogado no Céu dos Céus. Era como se uma voz viva houvesse dito aos adoradores: Agora têm fim todos os sacrifícios e ofertas pelo pecado. O Filho de Deus veio, segundo a Sua palavra: “Eis aqui venho (no princípio do Livro está escrito de Mim), para fazer, ó Deus, a Tua vontade”. Hebreus 10:7. “Por Seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”. Hebreus 9:12. DTN 535.5

Quinta, 19 de Setembro

Colocado para Descansar


O que significa a intervenção de José de Arimateia, especialmente quando os discípulos de Jesus haviam fugido? Marcos 15:42-47

“Com a morte de Cristo, pereceram as esperanças dos discípulos. Olhavam-Lhe as cerradas pálpebras e a cabeça pendida, o cabelo empastado de sangue, as mãos e os pés traspassados, e indescritível era a angústia que sentiam. Até ao fim não acreditavam que Ele morresse; mal podiam crer que estivesse realmente morto. Esmagados pela dor, não recordavam Suas palavras, a predizer essa mesma cena. Coisa alguma de quanto dissera lhes dava então conforto. Viam unicamente a cruz e a ensangüentada vítima. O futuro afigurava-se-lhes negro e desesperador. Sua fé em Jesus morrera; nunca, porém, haviam amado tanto a seu Senhor. Nunca Lhe haviam antes assim compreendido o valor, e a necessidade que tinham da presença dEle. DTN 545.5

“Mesmo morto, o corpo de Cristo era muito precioso aos discípulos. Anelavam fazer-Lhe honroso sepultamento, mas não sabiam como o haviam de realizar. O crime que dera lugar à condenação de Cristo era traição ao governo romano, e as pessoas mortas por essa ofensa deviam ser sepultadas num terreno especialmente provido para os criminosos. O discípulo João, e as mulheres da Galiléia, haviam permanecido ao pé da cruz. Não podiam deixar o corpo de seu Senhor nas insensíveis mãos dos soldados, e enterrado num desonrosa sepultura. No entanto, não o podiam impedir. Não lhes era possível obter favores das autoridades judaicas, e nenhuma influência tinham junto de Pilatos. DTN 546.1

“Nessa emergência, José de Arimatéia e Nicodemos vieram em auxílio dos discípulos. Ambos eram membros do Sinédrio e tinham relações com Pilatos. Ambos ricos e influentes, decidiram que o corpo de Jesus teria sepultamento condigno. DTN 546.2

“José foi ousadamente a Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pela primeira vez, ouviu Pilatos que Jesus estava na verdade morto. Contraditórias notícias haviam-lhe chegado aos ouvidos quanto aos acontecimentos concernentes à crucifixão, mas ocultaram-lhe propositalmente a morte de Cristo. Pilatos fora prevenido pelos sacerdotes e principais contra algum engano da parte dos discípulos de Jesus em relação ao Seu corpo. Ouvindo o pedido de José, mandou, portanto, chamar o centurião de serviço junto à cruz, e soube com certeza da morte de Cristo. Dele colheu também a narração das cenas do Calvário, confirmando o testemunho de José. DTN 546.3

“O pedido de José foi satisfeito. Enquanto João estava aflito quanto ao sepultamento do Mestre, voltou ele com a ordem de Pilatos acerca do corpo de Cristo; e Nicodemos chegou trazendo uma custosa mistura de mirra e aloés, de cerca de cem libras de peso, para Seu embalsamento. Ao mais honrado em Jerusalém, não se poderia haver demonstrado mais respeito na morte. Os discípulos surpreenderam-se de ver esses ricos príncipes tão interessados como eles próprios no sepultamento do Senhor. DTN 546.4

“Nem José nem Nicodemos haviam aceito abertamente o Salvador enquanto vivera. Sabiam que esse passo os excluiria do Sinédrio, e esperavam protegê-Lo por sua influência nos conselhos. Por algum tempo, pareceu haverem sido bem-sucedidos; mas os astutos sacerdotes, vendo como favoreciam a Cristo, embargaram-lhes os planos. Em sua ausência, fora Jesus condenado e entregue para ser crucificado. Agora, que estava morto, não mais ocultaram sua afeição para com Ele. Enquanto os discípulos temiam mostrar-se abertamente como Seus seguidores, José e Nicodemos foram ousadamente em seu auxílio. O concurso desses homens ricos e honrados era muito oportuno. Era-lhes dado fazer pelo Mestre morto o que se tornava impossível aos pobres discípulos; e sua riqueza e influência os protegia, em grande parte, da malignidade dos sacerdotes e principais. DTN 546.5

“Delicada e reverentemente, removeram eles do madeiro, com as próprias mãos, o corpo de Jesus. Corriam-lhes lágrimas de compaixão, ao contemplarem-Lhe o ferido e lacerado corpo. José possuía um sepulcro novo, talhado numa rocha. Reservava-o para si mesmo, mas ficava próximo do Calvário, e preparou-o então para Jesus. O corpo, com as especiarias trazidas por Nicodemos, foi cuidadosamente envolto num lençol de linho, e o Redentor levado à sepultura. Aí, os três discípulos compuseram-Lhe os mutilados membros, e cruzaram-Lhe as mãos feridas sobre o inanimado peito. As mulheres galiléias foram ver se se fizera tudo quanto se podia fazer pelo corpo sem vida do amado Mestre. Viram então que fora rolada a pesada pedra para a entrada do sepulcro, e o Salvador deixado a repousar. As mulheres foram as últimas ao pé da cruz, e as últimas também a deixar o sepulcro. Enquanto baixavam as sombras da noite, Maria Madalena e as outras Marias demoravam-se ainda em torno do lugar em que descansava o Senhor, derramando lágrimas de dor pela sorte dAquele a quem amavam. “E, voltando elas [...] no sábado repousaram, conforme o mandamento”. Lucas 23:56. DTN 547.1

Sexta, 20 de Setembro

Estudo Adicional

“Essa profecia tem sido marcadamente cumprida. Toda indignidade, toda injúria, toda crueldade que Satanás podia instigar o coração humano a imaginar, têm recaído sobre os seguidores de Jesus. E isso será de novo notadamente cumprido; pois o coração carnal está ainda em inimizade com a lei de Deus, e não se sujeitará a Seus mandamentos. O mundo não está hoje em maior harmonia com os princípios de Cristo, do que esteve no dia dos apóstolos. O mesmo ódio que motivou o clamor: “Crucifica-O! Crucifica-O!” (Lc 23:21), o mesmo ódio que levou a perseguição aos discípulos, ainda opera nos filhos da desobediência. O mesmo espírito que nos séculos escuros enviou homens e mulheres à prisão, ao exílio, e à morte; que concebeu as atrozes torturas da inquisição; que planejou e executou o massacre de São Bartolomeu e acendeu as fogueiras de Smithfield, está ainda agindo com maligna energia em corações não regenerados. A história da verdade tem sido sempre o relato da luta entre o direito e o erro. A proclamação do evangelho sempre tem sido levada avante neste mundo em face de oposição, perigos, perdas e sofrimentos.” AA 47.4