Controvérsias em Jerusalém

Lição 9, 3º Trimestre, 24 a 30 de Agosto de 2024.

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Sábado à Tarde, 24 de Agosto

Verso para Memorizar:

“E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai, que está no céu, possa perdoar as vossas transgressões.” BKJ – Marcos 11:25


“Os saduceus haviam-se lisonjeado de seguirem as Escrituras mais estritamente que todos os outros homens. Mas Jesus mostrou que não lhe haviam compreendido o verdadeiro sentido. Esse conhecimento devia penetrar na alma, mediante a iluminação do Espírito Santo. Sua ignorância das Escrituras e do poder de Deus, declarou Ele ser a causa da confusão de sua fé e das trevas de sua mente. Estavam procurando pôr os mistérios de Deus no âmbito de seu limitado raciocínio. Cristo os chamou a abrir a mente às sagradas verdades que dilatariam e robusteceriam o entendimento. Milhares de criaturas se tornam incrédulas, porque sua mente finita não pode compreender os mistérios divinos. Não podem explicar a maravilhosa manifestação do poder divino em Suas providências, portanto rejeitam as demonstrações desse poder, atribuindo-o a agentes naturais que menos ainda podem compreender. A única chave para os mistérios que nos circundam, é reconhecer em todos eles a presença e o poder divinos. Os homens necessitam reconhecer a Deus como Criador do Universo. Alguém que tudo ordena e executa tudo. Necessitam de mais larga visão de Seu caráter, e do mistério de Seus agentes.” DTN 425.5

Domingo, 25 de Agosto

Entrada triunfal


Leia Marcos 11:1-11; Zacarias 9:9, 10. O que aconteceu com Jesus?

“Foi no primeiro dia da semana que Jesus fez Sua entrada triunfal em Jerusalém. Multidões que haviam afluído a vê-Lo em Betânia, acompanharam-nO, ansiosos de Lhe testemunhar a recepção. Muita gente se achava a caminho de Jerusalém para celebrar a páscoa, e uniu-se à multidão que acompanhava Jesus. Toda a natureza parecia regozijar-se. As árvores estavam verdejantes, e as flores espargiam pelo ar um delicado aroma. O povo achava-se animado de nova vida e alegria. Surgia mais uma vez a esperança do novo reino.” DTN 399.3

“Cristo estava seguindo o costume judaico nas entradas reais. O animal que montava era o mesmo cavalgado pelos reis de Israel, e a profecia predissera que assim viria o Messias a Seu reino. Logo que Ele Se sentou no jumentinho, um grande grito de triunfo atroou nos ares. A multidão aclamou-O como o Messias, seu Rei. Jesus aceitou agora a homenagem que nunca antes permitira, e os discípulos consideraram isso como prova de que suas alegres esperanças se realizariam, vendo-O estabelecido no trono. O povo ficou convencido de aproximar-se a hora de sua emancipação. Em pensamento viram os exércitos romanos expulsos de Jerusalém, e Israel mais uma vez nação independente. Todos estavam contentes e despertos; disputavam entre si o render-Lhe honras. Não podiam exibir pompas e esplendores, mas prestaram-Lhe o culto de corações felizes. Não lhes era possível presenteá-Lo com dádivas custosas, mas estendiam as vestes exteriores à guisa de tapete em Seu caminho, e também espalharam ramos de oliveira e palmas por onde devia passar. Não podiam abrir o cortejo triunfal com bandeiras reais, mas cortavam ramos de palmeira, os emblemas de vitória da natureza, e os agitavam no ar com altas aclamações e hosanas.” DTN 399.5

“Nunca antes, em Sua vida terrestre, permitira Jesus essa demonstração. Previa claramente o resultado. Levá-Lo-ia à cruz. Era, porém, Seu desígnio apresentar-Se assim publicamente como Redentor. Desejava chamar a atenção para o sacrifício que Lhe devia coroar a missão para com o mundo caído. Enquanto o povo estava reunido em Jerusalém para a celebração da páscoa, Ele, o Cordeiro de Deus, representado pelos sacrifícios simbólicos, voluntariamente Se pôs de parte como oblação. Seria necessário que Sua igreja, em todos os sucessivos séculos, fizesse de Sua morte pelos pecados do mundo assunto de profunda reflexão e estudo. Todos os fatos com ela relacionados deviam verificar-se de maneira a ficarem acima de qualquer dúvida. Era preciso, pois, que os olhos de todo o povo fossem então dirigidos para Ele; os acontecimentos que precederam Seu grande sacrifício deviam ser de molde a chamar a atenção para o próprio sacrifício. Depois de uma demonstração como a que acompanhou Sua entrada em Jerusalém, todos os olhos Lhe seguiram a rápida marcha para a cena final. DTN 400.3

“Os acontecimentos relacionados com essa entrada triunfal constituiriam assunto de todas as bocas, e tornariam Jesus objeto das cogitações de todos os espíritos. Depois de Sua crucifixão, muitos recordariam estes fatos relacionados com Seu julgamento e morte. Seriam levados a pesquisar os escritos dos profetas e convencer-se-iam de que Jesus era o Messias; e multiplicar-se-iam em todas as terras os conversos à fé.” DTN 401.1

Segunda, 26 de Agosto

Uma Árvore Amaldiçoada e um Templo Purificado


Qual é o significado dos eventos relatados em Marcos 11:12-26?

“Toda a noite passou Jesus em oração, e pela manhã, tornou a ir ao templo. No caminho encontrou um figueiral. Tinha fome, “e vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos”. Marcos 11:13. DTN 407.2

“Não era estação de figos maduros, senão em certas localidades; e nas montanhas das cercanias de Jerusalém podia-se na verdade dizer: “Não era tempo de figos”. Marcos 11:13. No pomar a que Jesus chegou, porém, uma árvore parecia adiantada a todas as demais. Estava já coberta de folhas. A natureza da figueira é que, antes de se abrirem as folhas, apareça o fruto. Portanto, essa árvore cheia de folhagem era uma promessa de bem desenvolvidos frutos. Sua aparência, porém, era enganosa. Depois de procurar entre os ramos, dos mais baixos aos mais altos, Jesus “não achou senão folhas”. Era uma massa de pretensiosa folhagem, nada mais. DTN 407.3

“Cristo proferiu contra ela uma maldição, para que secasse. “Nunca mais coma alguém fruto de ti”, disse Ele. Na manhã seguinte, quando Ele e os discípulos se achavam outra vez a caminho para a cidade, os ressequidos ramos e as folhas caídas atraíram-lhes a atenção. “Mestre”, disse Pedro, “eis que a figueira que Tu amaldiçoaste, se secou”. Marcos 11:21. DTN 407.4

“A maldição da figueira foi uma parábola viva. Aquela árvore estéril, ostentando sua pretensiosa folhagem ao próprio rosto de Cristo, era um símbolo da nação judaica. O Salvador desejava tornar claras aos Seus discípulos a causa e a certeza da condenação de Israel. Para esse fim como que investiu a árvore de qualidades morais, e tornou-a expositora da verdade divina. Os judeus distinguiam-se de todas as outras nações, professando fidelidade para com Deus. Haviam sido especialmente favorecidos por Ele, e pretendiam ser mais justos que todos os outros povos. Mas estavam corrompidos pelo amor do mundo e a avareza. Jactanciavam-se de seu conhecimento, mas eram ignorantes das reivindicações divinas, e cheios de hipocrisia. Como a árvore estéril, estendiam os pretensiosos ramos para o alto, luxuriantes na aparência, belos à vista, mas não dando “senão folhas”. A religião judaica, com o magnificente templo, os altares sagrados, os sacerdotes mitrados e cerimônias impressionantes, era na verdade bela na aparência exterior; faltavam-lhe, porém, humildade, amor e beneficência. DTN 407.7

“Todas as árvores do figueiral se achavam destituídas de fruto; as que não ostentavam folhas, no entanto, não suscitavam esperanças, não causando assim decepção. Essas árvores representavam os gentios. Eram tão destituídos de piedade como os judeus; mas não tinham professado servir a Deus. Não mostravam vangloriosas pretensões de bondade. Eram cegos às obras e caminhos divinos. Para eles não chegara ainda o tempo dos figos. Esperavam um dia que lhes trouxesse luz e esperança. Os judeus, que haviam recebido maiores bênçãos de Deus, eram responsáveis por seus abusos dos mesmos dons. Os privilégios de que se jactanciavam, só lhes acrescentavam a culpa.” DTN 408.1

“A advertência é para todos os tempos. O ato de Cristo em amaldiçoar a árvore que Seu próprio poder criara, fica como aviso para todas as igrejas e todos os cristãos. Ninguém pode viver a lei divina sem servir aos outros. Mas há muitos que não vivem segundo a misericordiosa, abnegada vida de Cristo. Alguns que se julgam excelentes cristãos não compreendem o que significa o serviço para Deus. Seus planos e cogitações têm por fim agradar a si mesmos. Agem sempre com referência a si próprios. O tempo só é de valor para eles quando podem ajuntar para si mesmos. Em todos os negócios da vida, é esse o seu objetivo. Trabalham não para os outros, mas para si mesmos. Deus os criou para viverem num mundo onde deve ser executado serviço altruísta. Era Seu desígnio que ajudassem a seus semelhantes por todos os modos possíveis. Mas é tão grande o eu que não podem ver nenhuma outra coisa. Não se põem em contato com a humanidade. Os que assim vivem para si, são como a figueira, toda presunção, mas sem frutos. Observam as formas de culto, mas sem arrependimento nem fé. Em profissão, honram a lei divina, mas faltam na obediência. Dizem, mas não fazem. Na sentença proferida contra a figueira, demonstra Cristo quão aborrecível é a Seus olhos essa vã pretensão. Diz Ele que o pecador declarado é menos culpado do que o que professa servir a Deus, mas não produz fruto para Sua glória.” DTN 408.3

“No princípio de Seu ministério, Cristo expulsara do templo os que o manchavam por seu profano tráfico; e Sua atitude severa e divina enchera de terror o coração dos astutos comerciantes. Ao fim de Sua missão, foi Ele outra vez ao templo e encontrou-o de novo profanado como antes. As condições eram ainda piores. O pátio do templo estava como um vasto curral de gado. Com os berros dos animais e o agudo tinir das moedas, misturava-se o som de iradas altercações entre os traficantes, e ouviam-se entre eles vozes de homens no sagrado ofício. Os dignitários do templo empenhavam-se, eles próprios, em comprar e vender, e trocar dinheiro. Tão completamente se achavam dominados pela cobiça de lucro que, aos olhos de Deus, não eram melhores que ladrões.” DTN 412.1

“Purificando o templo dos compradores e vendilhões mundanos, Jesus anunciou Sua missão de limpar a pessoa da contaminação do pecado — dos desejos terrenos, das ambições egoístas, dos maus hábitos que a corrompem.” DTN 103.3

“Não devemos nos desviar para caminhos mundanos. Considere a purificação do templo no início do ministério de Cristo e, no final de sua vida, seus trabalhos pessoais sob o disfarce da humanidade. Quem Ele encontrou com a intenção de ganhar dinheiro? Os judeus haviam transformado os pátios do templo em um cenário de tráfico profano. Eles haviam transformado a antiga e sagrada instituição da Páscoa em um meio de lucro vil. SpTA07 54.1 – Tradução Livre

Hoje, essa obra profana está sendo mais do que repetida. Serão transmitidas mensagens, e aqueles que rejeitaram as mensagens enviadas por Deus ouvirão declarações surpreendentes. O Espírito Santo investirá o anúncio com uma santidade e solenidade que parecerão terríveis aos ouvidos daqueles que ouviram as súplicas de amor infinito e não responderam às ofertas de perdão e misericórdia. A Divindade ferida e insultada falará, proclamando os pecados que foram ocultados. Assim como os sacerdotes e governantes, cheios de indignação e terror, buscaram refúgio na fuga na última cena da purificação do templo, o mesmo acontecerá na obra destes últimos dias. Os infortúnios que serão pronunciados sobre aqueles que receberam a luz do céu e ainda assim não a atenderam, eles sentirão, mas não terão poder para agir.” SpTA07 54.2 - Tradução Livre

Desse modo, Ele advertiu duas vezes, como um tipo de aviso, que também no final da dispersão cristã, Ele limpará duas vezes Sua igreja: uma vez, no selamento dos primeiros frutos, os 144.000, e outra vez, no selamento dos segundos frutos, a “grande multidão”. Apocalipse 7:1-9.

Terça, 27 de Agosto

Quem Disse que Você Poderia Fazer Isso?


Que desafio os líderes apresentaram? Como Jesus reagiu? Leia Marcos 11:27-33

“‘Com que autoridade fazes isto? e quem Te deu tal autoridade?’ Mateus 21:23. Esperavam que Ele declarasse proceder de Deus Sua autoridade. Essa afirmação intentavam negar. Mas Jesus os enfrentou com outra interrogação, aparentemente ligada a assunto diverso, e tornou Sua resposta dependente da que eles dessem a essa pergunta. “O batismo de João”, disse Ele, “de onde era? Do Céu, ou dos homens?” Mateus 21:25. DTN 415.2

“Viram os sacerdotes encontrar-se diante de um dilema do qual nenhum sofisma os podia livrar. Se dissessem que o batismo de João era do Céu, tornar-se-ia patente sua incoerência. Cristo diria: Então por que não o crestes? João testificara de Cristo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. João 1:29. Se os sacerdotes acreditassem no testemunho de João, como poderiam negar a messianidade de Cristo? Se declarassem sua crença real, de que o ministério de João era dos homens, trariam sobre si mesmos uma tempestade de indignação; pois o povo acreditava que João era profeta. DTN 415.3

“Com vivo interesse aguardava o povo a decisão. Sabia que os sacerdotes haviam professado aceitar o ministério de João, e esperavam que reconhecessem indiscutivelmente que fora enviado por Deus. Mas depois de conferenciarem em segredo entre si, decidiram não se comprometer. Professando hipocritamente ignorância, disseram: “Não sabemos.” “Nem Eu vos digo com que autoridade faço isto” (Mateus 21:27), disse Jesus.” DTN 415.4

“Escribas, sacerdotes e principais ficaram todos em silêncio. Confundidos e decepcionados, quedaram cabisbaixos, não ousando insistir em interrogar a Cristo. Por sua covardia e indecisão haviam, em grande medida, perdido o respeito do povo, que se achava então ao lado, divertido de ver derrotados esses orgulhosos homens, cheios de justiça própria.” DTN 415.5

Em lugar de responder aos líderes, que parábola Jesus contou para adverti-los? Que efeito isso teve? Leia Marcos 12:1-12

“‘Ouvi ainda outra parábola”, disse Cristo. “Houve um homem, pai de família, que plantou uma vinha, circundou-a de um valado, e construiu nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para longe. E, chegando o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos. E os lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro, e apedrejaram outro. Depois enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo; e, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito ao meu filho. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha, e o mataram. Quando pois vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?’ Mateus 21:33-40. DTN 417.3

“Jesus Se dirigiu a todo o povo presente; mas os sacerdotes e principais responderam. “Dará afrontosa morte aos maus”, disseram, “e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe dêem os frutos”. Mateus 21:41. Os que assim falavam não perceberam, a princípio, a aplicação da parábola, mas viram depois haver proferido a própria condenação. Na parábola, o pai de família representava Deus, a vinha a nação judaica, e o valado a lei divina que lhes servia de proteção. A torre era um símbolo do templo. O dono da vinha fizera tudo que era para prosperidade da mesma. “Que mais se podia fazer à Minha vinha”, diz Ele, “que lhe não tenha feito?” Isaías 5:4. Assim foi representado o incessante cuidado de Deus para com Israel. E como os lavradores deviam devolver ao pai de família a devida proporção de frutos da vinha, assim o povo de Deus O devia honrar por uma vida em correspondência com os sagrados privilégios que tinham. Mas, como os lavradores mataram os servos que o senhor lhes enviara em busca de frutos, assim os judeus fizeram morrer os profetas que Deus mandara para os chamar ao arrependimento. Mensageiro após mensageiro fora morto. Até aí a aplicação da parábola não podia ser posta em dúvida, e no que se seguiu não foi menos clara. No amado filho a quem o senhor da vinha afinal mandara a seus desobedientes servos, e de quem se apoderaram para matar, viram os sacerdotes e principais uma distinta figura de Jesus e a sorte que sobre Ele impendia. Já estavam planejando tirar a vida Àquele a quem o Pai lhes enviara em um último apelo. Na retribuição infligida aos ingratos lavradores, estava descrita a sorte dos que haviam de condenar Cristo à morte.” DTN 417.4

Quarta, 28 de Agosto

Deveres Terrenos e Resultados Celestiais


O que ocorreu nesses relatos e que verdades Jesus ensinou? Marcos 12:13-27

“Os fariseus sempre se tinham sentido irritados com a cobrança do tributo por parte dos romanos. Sustentavam que o pagamento do tributo era contrário à lei divina. Viram então ensejo de armar uma cilada a Jesus. Os espias foram ter com Ele e, com aparente sinceridade, como desejando conhecer seu dever, disseram: “Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus. É-nos lícito dar tributo a César ou não?” Lucas 20:21, 22. DTN 422.2

“Houvessem sido sinceras as palavras: ‘Nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente”, e teriam sido uma confissão admirável. Mas foram ditas para enganar; não obstante, seu testemunho era verdadeiro. Os fariseus sabiam que Cristo dizia e falava o que era reto, e por seu próprio testemunho serão eles julgados.” DTN 422.3

“Os que propunham a pergunta a Cristo, julgavam haver disfarçado suficientemente seu desígnio; mas Jesus leu-lhes o coração como um livro aberto, e sondou-lhes a hipocrisia. “Por que Me tentais?” disse Ele; dando-lhes assim, por mostrar que lhes lia o oculto intento, um sinal que não tinham pedido. Mais confusos ainda ficaram quando acrescentou: “Mostrai-Me uma moeda.” Trouxeram-Lha, e Ele lhes perguntou: “De quem tem a imagem e a inscrição? E, respondendo eles, disseram: De César.” Apontando a inscrição na moeda, disse Jesus: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Lucas 20:23-25. DTN 422.4

“Os espias haviam esperado que Jesus respondesse diretamente à pergunta, de uma ou de outra maneira. Se Ele dissesse: Não é lícito dar tributo a César, seria levado às autoridades romanas, e preso por incitar rebelião. No caso de declarar lícito pagar o tributo, porém, intentavam acusá-Lo perante o povo como contrário à lei divina. Sentiram-se então confusos e derrotados. Frustraram-se-lhes os planos. A maneira sumária por que fora assentada a questão por eles proposta, deixou-os sem ter que dizer.” DTN 422.5

“Foi a ressurreição o assunto sobre que preferiram interrogá-Lo. Concordasse Jesus com eles, e isso daria ainda mais motivo de escândalo aos fariseus. Diferisse Ele, e ridicularizar-Lhe-iam os ensinos.” DTN 425.2

“Os saduceus arrazoavam que, se o corpo havia de compor-se, em seu estado imortal, das mesmas partículas de matéria que no estado mortal, então ao ressuscitar devia possuir carne e sangue, e retomar no mundo eterno a vida interrompida aqui na Terra. Nesse caso, concluíam, as relações terrenas continuariam, marido e mulher estariam juntos, realizar-se-iam casamentos, e todas as coisas prosseguiriam da mesma maneira que antes da morte, sendo as fraquezas e paixões desta vida perpetuadas na vida por vir.” DTN 425.3

“Em resposta a suas perguntas, Jesus ergueu o véu da vida futura. “Na ressurreição”, disse Ele, “nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no Céu”. Mateus 22:30. Mostrou que os saduceus estavam errados em sua crença. Eram falsas suas premissas. “Errais”, acrescentou, “não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”. Mateus 22:29. Não os acusou, como fizera aos fariseus, de hipocrisia, mas de erro de crença.” DTN 425.4

“Cristo declarou a Seus ouvintes que, se não houvesse ressurreição de mortos, as Escrituras em que professavam crer de nenhum proveito seriam. Disse: “E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos”. Mateus 22:31, 32. Deus considera as coisas que não são como se fossem. Vê o fim desde o começo, e contempla o resultado de Sua obra como se ela já estivesse acabada. Os preciosos mortos, desde Adão aos últimos santos que morrerem, hão de ouvir a voz do Filho de Deus, e sairão dos sepulcros para a vida imortal. Deus será o seu Deus, e eles serão o Seu povo. Haverá íntima e terna relação entre Deus e os santos ressuscitados. Essa condição, antecipada em Seu desígnio, contempla como se já existisse. Os mortos vivem para Ele.” DTN 426.1

Quinta, 29 de Agosto

O Maior Mandamento


Que pergunta profunda fez o amigável escriba, e que resposta Jesus deu a ele? Marcos 12:28-34

“Haviam os fariseus exaltado os primeiros quatro preceitos, que indicam o dever do homem para com o Criador, como sendo de muito mais conseqüências que os outros seis, que definem o dever do homem para com seus semelhantes. Em resultado, falharam grandemente em matéria de piedade prática. Jesus mostrara ao povo sua grande deficiência e ensinara a necessidade de boas obras, declarando que a árvore se conhece por seus frutos. Por esse motivo fora acusado de exaltar os últimos seis mandamentos acima dos quatro primeiros.” DTN 426.4

“O doutor da lei aproximou-se de Jesus com uma pergunta franca: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” A resposta de Cristo é positiva e vigorosa: “O primeiro de todos os mandamentos, é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás pois ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento.” O segundo é semelhante ao primeiro, disse Cristo; pois emana dele: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” “Desses dois mandamentos depende toda a lei e os profetas”. Marcos 12;28-30. DTN 426.5

“Os primeiros quatro dos dez mandamentos resumem-se num grande preceito: ‘Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração.” Os últimos seis estão incluídos no outro: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Mateus 12:31. Ambos estes mandamentos são uma expressão do princípio do amor. Não se pode guardar o primeiro e violar o segundo, nem se pode observar o segundo enquanto se transgride o primeiro. Quando Deus ocupa o lugar que Lhe é devido no trono do coração, será dado ao próximo o lugar que lhe pertence. Amá-lo-emos como a nós mesmos. E só quando amamos a Deus de maneira suprema, é possível amar o nosso semelhante com imparcialidade.” DTN 427.1

“E uma vez que todos os mandamentos se resumem no amor a Deus e ao homem, segue-se que nenhum preceito pode ser violado sem se transgredir este princípio. Assim ensinou Cristo a Seus ouvintes que a lei divina não se constitui de muitos preceitos separados, alguns dos quais são de grande importância ao passo que outros são menos importantes, podendo ser impunemente passados por alto. Nosso Senhor apresenta os primeiros quatro e os últimos seis mandamentos como um todo divino, e ensina que o amor a Deus se revelará pela obediência a todos os Seus mandamentos.” DTN 427.2

“O escriba que interrogara Jesus era bem versado na lei, e admirou-se de Suas palavras. Não esperava que Ele manifestasse tão profundo e completo conhecimento das Escrituras. Obtivera uma visão mais ampla dos princípios básicos dos sagrados preceitos. Em presença dos sacerdotes e principais congregados, reconheceu sinceramente haver Cristo dado à lei a justa interpretação, dizendo: DTN 427.3

“‘Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dEle; e que amá-Lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios’. Marcos 12:32, 33. DTN 427.4

“A sabedoria da resposta de Cristo convencera o escriba. Sabia consistir a religião judaica mais em cerimônias exteriores que em piedade interior. Sentia de certo modo a inutilidade de ofertas meramente cerimoniais e do derramamento de sangue para expiação do pecado, quando destituído de fé. Amor e obediência para com Deus, e desinteressada consideração para com o homem, pareciam-lhe de mais valor que todos esses ritos. A prontidão desse homem para reconhecer a exatidão do raciocínio de Cristo, e sua decidida e imediata resposta perante o povo, manifestavam um espírito inteiramente diferente do dos sacerdotes e príncipes. O coração de Jesus moveu-se de piedade para com o sincero escriba que ousara enfrentar os sobrecenhos dos sacerdotes e as ameaças dos príncipes, para declarar as convicções de seu coração. “E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus”. Marcos 12:34. DTN 427.5

“O escriba estava próximo do reino de Deus, porque reconhecia que atos de justiça Lhe são mais aceitáveis do que holocaustos e sacrifícios. Mas devia reconhecer o divino caráter de Cristo e, mediante a fé nEle, receber o poder para realizar as obras de justiça. O serviço ritual não era de nenhum valor, a menos que fosse ligado a Cristo por uma fé viva. Mesmo a lei moral falha em seu desígnio, a menos que seja entendida em sua relação para com o Salvador. Cristo mostrara repetidamente que a lei de Seu Pai encerrava alguma coisa mais profunda que simples dogmáticos mandamentos. Acha-se encarnado na lei o mesmo princípio revelado no evangelho. A lei indica o dever do homem e mostra-lhe sua culpa. A Cristo deve ele olhar, em busca de perdão e poder para cumprir o que a lei ordena.” DTN 428.1

Sexta, 30 de Agosto

Estudo Adicional

“Os fariseus haviam-se reunido mais próximo de Jesus, ao responder à indagação do escriba. Voltando-Se então, dirigiu-lhes Ele uma pergunta: “Que pensais vós de Cristo? De quem é Filho?” Essa interrogação destinava-se a provar sua crença no Messias — mostrar se O consideravam simplesmente um homem ou Filho de Deus. Um coro de vozes respondeu: “De Davi”. Mateus 22:42. Era esse o título que a profecia dera ao Messias. Ao revelar Jesus Sua divindade mediante os poderosos milagres que operava, curando os doentes e ressuscitando os mortos, o povo indagava entre si: “Não é este o Filho de Davi?” A mulher siro-fenícia, o cego Bartimeu e muitos outros a Ele haviam clamado por socorro: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” Mateus 15:22. Quando cavalgava para entrar em Jerusalém, fora saudado com a jubilosa aclamação: “Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor”. Mateus 21:9. E as criancinhas, no templo, fizeram ecoar naquele dia o alegre tributo. Mas muitos dos que chamavam Jesus Filho de Davi não reconheciam Sua divindade. Não compreendiam que o Filho de Davi era também o Filho de Deus.” DTN 428.2

“Em resposta à declaração de que Cristo era o Filho de Davi, disse Jesus: “Como é então que Davi, em Espírito [o Espírito de inspiração de Deus] Lhe chama Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-Te à Minha direita, até que Eu ponha os Teus inimigos por escabelo de Teus pés? Se Davi pois Lhe chama Senhor, como é seu filho? E ninguém podia responder-Lhe uma palavra: nem desde aquele dia ousou mais alguém interrogá-Lo.’” Mateus 22:43-46 DTN. 428.3